A decisão de um escravo de reivindicar a sua liberdade em tribunal é de facto um ato de resistência contra a escravatura, embora não represente necessariamente um ato antiesclavagista. Através da micro história, este artigo diferencia a forma como um escravo considerava a sua condição pessoal injusta e os argumentos apresentados pelos seus advogados com o objetivo de alcançar a sua liberdade. A luta individual do escravo Furcy não contribuiu de modo substancial para o movimento antiesclavagista francês no século XIX. Pelo contrário, a decisão proferida pela corte real francesa afirmando que Furcy deveria ser declarado livre em aplicação do princípio do “solo livre”, parece ter estabilizado a sociedade colonial de escravatura até à Revolução de 1848.