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Inauguração do Museu Intercontinental da Escravatura em Port-Louis (Maurícias)

O Museu Intercontinental da Escravatura abriu as suas portas ao público a 4 de setembro de 2023 em Port-Louis (Maurícias), doze anos após os trabalhos da Comissão Justiça e Verdade para reconciliar a população das Maurícias com a sua história.

Este novo museu dedicado à escravatura encontra-se instalado no antigo hospital militar de Port-Louis, um dos primeiros grandes edifícios da antiga colónia francesa, construído em 1740 por Mahé de Labourdonnais, governador da ilha de França.

Vista de Port-Louis Oeste. 1859. Col. Museu Blue Penny

Construído por escravos, este local está repleto de significado, guardando em si uma história dolorosa da ilha. O seu restauro resultou de um projeto que durou vários anos financiado pelo Governo das Maurícias, por donativos da lotaria do património, bem como por contribuições de França, do Japão e dos Estados Unidos. Investigadores e estudantes da Universidade de Nantes e do Museu d’Aquitaine de Bordéus contribuíram com os seus conhecimentos para a conceção dos diversos espaços do museu.

A cenografia tem por desafio fazer com que os visitantes mergulhem na atmosfera, permitindo-lhes sentir as emoções fortes ligadas a esta história. A intenção é dar voz aos escravos, mostrar em que condições resistiram mais do que em que condições físicas viviam.
A experiência é multissensorial, encontrando-se expostos documentos sobre a cultura e a música dos escravos. Numa das salas estão dispostos altifalantes que transmitem as primeiras melodias séga jamais conservadas em partituras e, noutra sala, pode ver-se um exemplar original do Code noir (Código Negro), emprestado pela biblioteca Carnegie de Curepipe. Esse documento, redigido durante o reinado de Luís XIV, regia o estatuto das pessoas escravizadas. As peças expostas incluem objetos que pertenceram a escravos, descobertos durante escavações arqueológicas num antigo cemitério de Albion em 2021 e 2022: botões, ferramentas de osso, brincos e um rosário.

Os visitantes poderão descobrir, sobretudo, uma imagem perturbadora e comovente: sessenta e três bustos etnográficos realizados por Eugène de Froberville em 1846 numa plantação das Maurícias. Estes rostos de gesso foram moldados em escravos africanos provenientes de Moçambique, da Tanzânia e das Comores. Os bustos, que pertencem ao município de Blois, em França, e que se encontram no castelo, estão atualmente apresentados em formato digital. A ISM Mauritius Ltd e a cidade de Blois assinaram um acordo para que os bustos sejam expostos em Port-Louis assim que todas as condições de conservação no museu estejam reunidas.

Atualmente em exibição, a exposição está numa fase de prefiguração que estabelece as bases do que será o museu quando estiver totalmente pronto.

 

 

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