Este novo museu dedicado à escravatura encontra-se instalado no antigo hospital militar de Port-Louis, um dos primeiros grandes edifícios da antiga colónia francesa, construído em 1740 por Mahé de Labourdonnais, governador da ilha de França.
Construído por escravos, este local está repleto de significado, guardando em si uma história dolorosa da ilha. O seu restauro resultou de um projeto que durou vários anos financiado pelo Governo das Maurícias, por donativos da lotaria do património, bem como por contribuições de França, do Japão e dos Estados Unidos. Investigadores e estudantes da Universidade de Nantes e do Museu d’Aquitaine de Bordéus contribuíram com os seus conhecimentos para a conceção dos diversos espaços do museu.
A cenografia tem por desafio fazer com que os visitantes mergulhem na atmosfera, permitindo-lhes sentir as emoções fortes ligadas a esta história. A intenção é dar voz aos escravos, mostrar em que condições resistiram mais do que em que condições físicas viviam.
A experiência é multissensorial, encontrando-se expostos documentos sobre a cultura e a música dos escravos. Numa das salas estão dispostos altifalantes que transmitem as primeiras melodias séga jamais conservadas em partituras e, noutra sala, pode ver-se um exemplar original do Code noir (Código Negro), emprestado pela biblioteca Carnegie de Curepipe. Esse documento, redigido durante o reinado de Luís XIV, regia o estatuto das pessoas escravizadas. As peças expostas incluem objetos que pertenceram a escravos, descobertos durante escavações arqueológicas num antigo cemitério de Albion em 2021 e 2022: botões, ferramentas de osso, brincos e um rosário.
Os visitantes poderão descobrir, sobretudo, uma imagem perturbadora e comovente: sessenta e três bustos etnográficos realizados por Eugène de Froberville em 1846 numa plantação das Maurícias. Estes rostos de gesso foram moldados em escravos africanos provenientes de Moçambique, da Tanzânia e das Comores. Os bustos, que pertencem ao município de Blois, em França, e que se encontram no castelo, estão atualmente apresentados em formato digital. A ISM Mauritius Ltd e a cidade de Blois assinaram um acordo para que os bustos sejam expostos em Port-Louis assim que todas as condições de conservação no museu estejam reunidas.
Atualmente em exibição, a exposição está numa fase de prefiguração que estabelece as bases do que será o museu quando estiver totalmente pronto.