Desde 2021, o Departamento da Reunião apoia oficialmente o pedido de inscrição apresentado pela Fundação para a Memória da Escravatura (FME) e congratula-se com a conclusão deste processo.
O registo «Memória do Mundo» da UNESCO visa simultaneamente salvaguardar o notável património documental da humanidade e facilitar o acesso ao mesmo. Sob a égide da FME, a França e o Haiti propuseram conjuntamente um corpus emblemático, documentos que identificam nominalmente as pessoas escravas nas antigas colónias francesas (século XVII – 1848), assumindo diversas formas: certidões católicas, registos de alforria, recenseamentos e registos de fugitivos.
O sistema esclavagista negava a existência civil dessas pessoas: estes registos são os raros vestígios escritos que lhes restituem uma réstia de individualidade e de humanidade. O seu interesse histórico é inegável, tal como o seu interesse social, num contexto de crescentes pesquisas familiares e de procura de identidade.
A inscrição no registo da «Memória do Mundo» consagra o reconhecimento internacional do valor patrimonial destes documentos e do trabalho realizado pelas instituições.
Nas últimas décadas, os Arquivos Departamentais da Reunião têm vindo a trabalhar no sentido de classificar, restaurar, digitalizar e promover essas coleções: os registos de alforria mantidos desde 1832 e os registos especiais de 1848 estão disponíveis online e acessíveis a toda a gente, tendo sido apresentados fisicamente ao público em diversas exposições (1998: Regards croisés sur l’esclavage, 1794-1848; 2013 : Les Noms de la liberté, 1664-1848: de l’esclave au citoyen ;
e 2019: Le jour de l’abolition. Dissiper la brume).
Através deste projeto a longo prazo, o Departamento da Reunião demonstra o seu empenho inabalável em tornar acessível a todos este património complexo ligado à memória da escravatura.